quarta-feira, 15 de junho de 2011

Como você via animações japonesas sem saber

As animações acompanharam toda a nossa infância. Enquanto estávamos acostumados com o que vinha dos EUA, era bastante nítido quando uma delas era japonesa. O que quero mostrar aqui é como parte do que você via era na verdade um animê, e como isso passava despercebido.

Primeiro de tudo, uma animação hoje - no seu jeito tradicional de ser - dificilmente é produzida nos Estados Unidos. O que acontece é que os idealizadores contratam estúdios estrangeiros cuja mão de obra é mais barata. Isso já foi bastante parodiado em Os Simpsons: a maioria das séries hoje - inclusive japonesas - são feitas na Coréia do Sul.

Durante um bom tempo os japoneses assumiram esse papel. Algo que um bom conhecedor do estilo japonês de animação (que definitivamente não se resume a olhos grandões, algo que vou tratar mais adiante) consegue notar. Um exemplo que gosto de citar é ThunderCats:


Veja só a dinâmica dessa fucking abertura: dá um show no seu contemporâneo e paralítico He-ManThunderCats foi produzido por diversos estúdios japoneses, e um deles viria a formar depois o consagrado Ghibli (A Viagem de Chihiro, O Castelo Animado). Outras obras da americana Rankin/Bass, como TigerSharks e SilverHawks receberam o mesmo tratamento. Aliás, a nova série de ThunderCats ganhou traços mais japoneses como homenagem.

Só como curiosidade, a Rankin/Bass produziu o primeiro filme de O Hobbit em 1977, também utilizando estúdios japoneses:


Em 1980, recebeu uma sequência intitulada The Return of the King, baseado nos dois primeiros volumes de O Senhor dos Anéis. Aliás, primeiro livro já havia sido adaptado em 1978, mas por americanos.

Falando no gênero fantástico, sabe o que mais foi produzido no Japão?


Sim, meus caros, A Caverna do Dragão, animado pela nada mais, nada menos Toei Animation (Dragonball, Digimon, Cavaleiros do Zodíaco).

E alguém lembra de Múmias Vivas (Mummies Alive!)? Claro, eu não havia percebido quando exibido na Rede Globo no fim dos anos 90, mas tive que pesquisar quando revi a abertura no YouTube. Dos mesmos produtores de Os Gárgulas (Gargoyles), foi animado pela japonesa Mook Animation - grupo pouco conhecido por trabalhar mais como apoio de outros grandes estúdios.



Megaman é um caso curioso. Sua origem já é japonesa, e foram os próprios que produziram sua versão animada. No entanto, foi encomendada por americanos e feita para este público.


Um exemplo mais recente é Oban Star-Racers, que nasceu com um clipe em CG do francês Savin Yeatman-Eiffel, entusiasta por animes. Seu sonho foi realizado quando o extinto Jetix aceitou bancar a produção de uma série em colaboração com os japoneses.


Podemos notar na animação japonesa características bastante nítidas: ângulos, perspectivas, efeitos de sombra e luz; que não são tão presentes quando não se trata de uma série de ação. Recentemente tive a oportunidade de assistir na Globo antigas produções da Disney, como Tico e Teco e os Defensores da Lei e DuckTales; e adivinhe só: ambas animadas no Japão. Outra característica bastante importante é o estilo da narrativa, que chega a ser quase cinematográfica. O foco em rostos, expressões, gestos; de posicionar a cena como se uma câmera estivesse sendo usada. É algo que já vem do mangá, mas abandonado por seus homólogos americanos.

Equivocadamente, o estilo de desenho costuma ser usado para reproduzir o anime e mangá. Resultado disso são aberrações como a Turma da Mônica Jovem. Um grande responsável por pseudo-animes é o grupo francês Marathon (Martin Mystery, Três Espiãs Demais, Team Galaxy, GormitiOs Incríveis Espiões). Outro exemplo conhecido é Avatar - The Last Airbender.

Se há 30 anos a animação japonesa era uma forma barata de produção e houvesse um preconceito em relação a ela, hoje é vista como elite. Animatrix, Batman: Gotham Knight, Supernatural, e as recentes adaptações de Wolverine, X-Men e Iron-Man são provas de como os americanos se renderam. Aliás, o próprio criador destes últimos, Stan Lee, esteve junto ao estúdio BONES para conceber Heroman.





Agora, algumas curiosidades:

A produção de um episódio 20 minutos de um anime custa entre 150~300 mil dólares. O preço é semelhante com obras do francês Marathon, apesar da qualidade ser visivelmente inferior. Algumas séries, como Afro Samurai (que conta com Samuel L. Jackson na voz do protagonista), chegam a custar 1 milhão por episódio. Só para comparar, um capítulo de novela da Globo custa em torno de 300 mil reais.

O orçamento de um filme de animação japonesa é sai por volta de 20 milhões de dólares. Um filme de animação tradicional da Disney custa em média 150 milhões. O filme brasileiro mais caro já feito foi Nosso Lar, com 20 milhões de reais.

20 minutos de animação levam até nove meses para ficar pronto. Como costumam ser exibidos semanalmente, diferentes animadores trabalham simultaneamente com seus próprios episódios. A diferença de traços é bastante perceptível em séries como Naruto ou One Piece (que são feitos apressadamente por não permitirem pausas), e as sequências variam conforme a experiência do animador.

Um comentário:

J. disse...

eu nunca assisti nenhum desses desenhos. como assim?